quinta-feira, fevereiro 02, 2012
A menina que achava demais
Desde pequena eu sonhei com o príncipe encantado, com a casinha com cerca branca e cachorrinhos. Acho que eu pensava nisso com mais frequência do que as outras meninas da minha idade. Tinha mania de fantasiar, e de imaginar como ia ser, quando eu crescesse, a minha casa, os meus filhos, meu marido. Desde pequena eu criava e montava coisas na minha cabeça, coisas que nunca existiram. Sempre tive a mania de tentar prever situações, de querer adivinhar palavras, sentimentos. Criava, não sei ao certo o porquê, e totalmente sem perceber, um mundo totalmente paralelo, só meu. Acho que era como uma espécie de fuga. Sempre quis que as coisas acontecessem exatamente do jeito que eu queria, que fossem do jeito que eu imaginava que seriam. Mas, grande parte das vezes, elas nunca aconteciam do jeito que eu esperava. E eu me frustrava tanto, tanto, tanto. Mas nunca fiz nada pra mudar. Acho que um pouco por medo, ou comodismo, não sei. A ficha só veio cair quando, essa semana, minhas amigas esfregaram a realidade na minha cara: "você cria coisas que não existem na sua cabeça, Natália." "tu adora fantasiar sobre tudo" "parece até que tu gosta de sofrer" "para de ACHAR as coisas, deixa desse teu achismo.", foram algumas das frases que elas me disseram. Embora eu já soubesse de todas essas coisas, quando a gente escuta em voz alta faz muito mais sentido. Eu sei que eu sou daquelas que ACHA demais. ACHA que ele não vai ligar porque está com outra, ou ACHA que hoje não vai fazer sol porque os passarinhos não estão cantando. Eu acho mesmo (lá vai eu, ACHANDO tudo de novo...) que eu preciso mudar, que preciso parar de ser tão insegura, de ser tão pessimista, de ter medo de ser feliz de verdade. Preciso parar de fantasiar tanto só pra as coisas ficarem mais interessantes, só pra ter no que pensar...